A lua, mergulhada na imensidão do universo, assiste aos mortais e suas histórias de amores proibidos, de amores não correspondidos, de amores obsessivos... E lá de cima, não contenta com as tempestades criadas nos corações de milhares, enxerga aquela pequena criatura que não compreendia o porquê da existência de tantos poemas românticos e mostra a ela que, sim, há uma razão pela qual tantos e tantos poetas gastam suas horas e suas palavras dedicando-as aos seus amantes.
E quando a moça estava cansada de escrever sobre a passagem do tempo, sobre sonhos, sobre paz de espírito... Ela é invadida pela magia lunar, ardente e sedutora, que a faz enxergar o mundo com olhos de fogo e que a faz perceber, sublimemente, o mosaico que o carinho e o desejo desenham no corpo da pessoa amada.
Da brisa às ventanias, da garoa à tempestade, da vela à lava, da inocência ao erotismo. A tranquilidade cede lugar ao louco anseio em segundos que parecem eternidades. Lua, que fizeste comigo? Para que transformar minhas nostálgicas tardes em desesperadoras horas de espera? A moça indaga o astro, sem saber ao certo o que está acontecendo. A rainha das madrugadas, no ápice de sua vaidade, não a responde. Mas suas fiéis servas, aparentando pequenos pontos de luz no céu, falam em uníssono: Apenas viva, moça. Apenas sinta.