Há tempos não via alguma obra que me fizesse chorar. Acabo de assistir a um dos maiores clássicos do cinema, “Hair”, 1979, que, incrivelmente, nunca havia visto antes. O filme, sem dúvida, teve um efeito muito significativo em mim, me forçando a sair de um mundinho onírico ao qual estou acostumada para entrar em outro, este muito mais envolvente e sedutor. Deste mundo, então, olho para a realidade e comparo os dois universos.
A sensação de liberdade que as músicas causam, os olhares que transmitem leveza e o movimento dos corpos, desacorrentados de qualquer pudor, das personagens me leva a pensar como a nossa sociedade é medíocre. Para que dinheiro em excesso? Por que os homens precisam cortar o cabelo? Por que roupas que combinam? Para que seguir regras de etiqueta, quando se tem educação? Muitos julgam esses comportamentos como sendo crias do capitalismo. Obrigo-me a acrescentar que quem as alimenta, então, somos nós: reclamamos, protestamos, fazemos manifestos aos montes na frente das nossas prefeituras. No entanto, mal largamos a bandeira do Che Guevara e então vamos ao shopping, ver o que há de novo. Ironia? Não. Ignorância: A situação mais preocupante hoje não é o fato de não lutarmos, e sim, não conhecermos por completo o motivo pelo qual lutamos.
O que podemos fazer para melhorar essa situação é tentar aflorar nossa essência, como se fossemos uma obra de arte. Enfeitar-nos com as cores do nosso humor do momento, pintar-nos de acordo com o que pensamos, vestir-nos como dita a filosofia na qual acreditamos, seja ela qual for. Dançar, falar, rir, beijar, brincar, amar quando tivermos vontade, obviamente sempre respeitando a todos, inclusive a nós mesmos. Os olhares que nos reprovam? Simplesmente ignorar e esperar até que estes percebam o mesmo que eu percebi agora, após esse filme.

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