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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Gaúchos de Setembro

Não tomo chimarrão, dancei somente 4 meses em CTG e andei apenas 2 vezes a cavalo. Fui criada numa cidade com ares de capital e cultura visivelmente italiana. Nada disso, porém, me faz menos gaúcha, nem diminui meu amor pelo estado. Nunca precisei, nem em setembro, nem em novembro, nem em janeiro, escancarar para o resto do país que nasci aqui, e ainda assim não conheci ninguém que não previsse a minha origem. Provo, com isso, que o gaúcho não é reconhecido pelos panos, e sim por sua alma tradicionalista, se assim ela for voluntariamente. Acredito que a cultura, propriamente dita, deve ser incorporada aos nossos costumes se, e somente se, for um processo natural, e não apenas para mostrar aos outros de onde viemos.
Infelizmente, não é sempre isso que vejo. Perco-me se contar nos dedos quantos exemplos percebo de “gaúchos de setembro”, ou seja, de pessoas, geralmente jovens, que só cultuam o tradicionalismo no mês farroupilha. É uma lástima perceber que mal passa a época e a maioria esquece o lugar onde nasceu, voltando a seguir modinhas estrangeiras, guardando a bombacha no fundo do armário e esperando 11 meses até reconhecer, com um orgulho um tanto hipócrita, que é gaúcho. Desfiles, homenagens e relembrança de fatos históricos da Província de São Pedro do Rio Grande são apenas ferramentas para ressaltarmos que, afinal de contas, setembro é o mês do gaúcho. Mas os costumes rio-grandenses devem ser naturais, e como outros, não se limitam a um mês por ano.
A mulher verdadeiramente gaúcha se mostra por si só, pelo olhar determinado e ao mesmo tempo feminino, e não necessita vestir uma fantasia para mostrar-se tradicionalista. O mesmo digo sobre o homem. Robusto, geralmente sério e cavalheiro, o gaúcho típico demonstra já em sua figura o lugar de onde veio. Obviamente, essas características variam de acordo com a região, a época em que o vivente nasceu e mesmo a sua personalidade.
Em suma, o que quis dizer aqui é que a indumentária, os costumes e a gastronomia devem ser cultuados de forma sincera e, principalmente, durante os doze meses do ano. Por isso te peço: se diz que ama, ame mesmo. Se te afirmas tradicionalista, realmente o sejas. Porque hipocrisia não é bem vinda, nem aqui no Rio Grande do Sul, nem no Rio Grande no Norte e nem em lugar algum.


Um comentário:

  1. É maravilhoso ver pessoas que honram suas origens sem precisar hostilizar outras culturas, pessoas que não precisam de datas e calendários para saber quem são, e que valorizam sua história e sua cultura, porque é isso que nos faz brasileiros, filhos de uma mesma pátria, porém com origens distintas.
    Que estas datas sirvam apenas como referência histórica.

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